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Política-Economia

Sabe o que quer dizer pink tax ou taxa rosa?

Mulheres pagam mais caro por produtos embalados para elas

 

Apesar de terem renda menor que a dos homens, mulheres pagam mais caro por produtos similares só porque são adaptados ou, simplesmente, embalados para elas.

Taxa rosa, ou em inglês, pink tax. Esse é o nome dado para a prática do mercado, de cobrar mais caro para produtos específicos para mulheres.

Apesar de batizado como taxa, não se trata de um imposto, mas a aplicação de preços mais altos para produtos similares, com pequenas adaptações ou simplesmente embalagens específicas para mulheres.

Nós fizemos o teste. Pesquisamos os preços de produtos para homens e seus equivalentes para mulheres em diferentes setores. Farmácias, artigos esportivos, vestuário, acessórios para bebês e cabeleireiros.

De 10 produtos pesquisados, em três lojas diferentes, todos tiveram preços mais altos para mulheres em pelo menos uma das lojas. De tênis esportivos a lâminas de barbear azuis ou de depilação cor de rosa.

Em nosso levantamento, a diferença de preço foi, em média,  35% a mais nos produtos destinados a mulheres.

A maior discrepância foi a de um analgésico do laboratório multinacional GlaxoSmithKline. O Ibuprofeno 400 miligramas é encontrado nas farmácias com o nome fantasia Advil.

A cápsula do mesmo analgésico quem vem na embalagem com palavra ”Mulher'” custa quase o triplo que o mesmo remédio na versão que não especifica o gênero do usuário. Uma diferença de 190%.

Júlia, de 17 anos, não vê sentindo em pagar mais para ter uma embalagem com letras rosas.

A Taxa rosa atinge mulheres de todas as idades, e desde as muito novas. No levantamento feito pela nossa reportagem, o mesmo macacãozinho de bebê na versão cor-de-rosa custa, em média 28% a mais que a mesma peça de roupa com detalhes azuis.

Letícia tem dois filhos. Um menino e uma menina. E sempre percebeu a diferença.

O professor da ESPM, Escola Superior de Propaganda e Marketing, e especialista em comportamento, Fábio Mariano, explica que a distorção vem da percepção do papel da mulher em relação ao consumo.

Em 2017, Fabio Mariano coordenou um estudo que confirmou a aplicação da taxa rosa no mercado brasileiro. E ele chama atenção para um problema que aumenta ainda mais a distorção, a diferença de renda entre homens e mulheres.

Segundo o IBGE, no Brasil, as mulheres ganham, em média, 30% a menos que os homens.

Em nota, o IDEC, o Instituto de Defesa do Consumidor, disse que apesar dos fornecedores ou fabricantes terem liberdade de determinar o preço dos produtos, é possível questionar esse tipo de prática de diferenciação de preços por gênero.A recomendação é reunir recibos e notas fiscais para comprovar a distorção e poder formalizar a reclamação nos órgãos de defesa do consumidor.

Nós entramos em contato com o laboratório GlaxoSmithKline para tentar entender o que leva o mesmo medicamento ser tão mais para as mulheres, mas não houve resposta.

Com sonoplastia de Messias Melo e produção de Dayana Víctor.

Por Eliane Gonçalves – São Paulo

Fonte: Agência Brasil